Por Lucía Ixchíu

Thelma Cabrera, líder indígena, agricultora, ativista de Direitos Humanos. Foto: reprodução

Guatemala, país centro americano está em ano eleitoral, que acontecerá em diferentes países do continente latino-americano. Em meio ao empobrecimento e a altos percentuais de impunidade, a incerteza imposta por um dos piores governos da história do país, sob o comando do autoritário e despótico Jimmy Morales, eleito em 2015 pelo partido FCN-NACIÓN, indiciado por corrupção em vários casos durante seu governo, a população saiu às ruas para votar.

Em 16 de junho, serão realizadas eleições gerais para escolha de presidente e vice-presidente, deputados e prefeitos, em todo o país. Com denúncia em algumas cidades, aldeias e povoados de transporte de eleitores, compra de votos, chega ao fim esse processo, mesmo que tenha havido apontamentos e dúvidas em relação a ele.

Entre os eventos mais importantes deste processo eleitoral está a candidatura da segunda mulher indígena para a presidência do país, e sua candidatura encheu expectativas e esperanças uma alta porcentagem da população, que disse que optou por eleger a dignidade.

Diferentes manifestações de rua e redes sociais com iniciativas cidadãs expressaram sua rejeição aos partidos corruptos que vêm de redes militares que, na história recente do país executaram o genocídio, deixando um saldo de 45.000 pessoas desaparecidas, 250.000 pessoas mortas e mais de um milhão de pessoas desabrigadas.

O contexto do país é desanimador porque o governo de Jimmy Morales, como política de seu mandato, perseguiu, criminalizou e expulsou o comissário Iván Velasquez, que desmembrou em conjunto com Thelma Aldana parte das redes criminosas e militares entrincheiradas no governo, recuou nos avanços da justiça e da transparência, desmantelando a CICIG (Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala), a perseguição de ativistas e defensores dos direitos humanos urbanos e territoriais se agravou em meio ao revés social em que o país se encontra.

A Guatemala é um dos países da região e o mundo com as maiores taxas de desnutrição e analfabetismo e encabeça os lugares nas listas de países que, em vez de reduzir, a pobreza aumenta, e essas porcentagens são encabeçadas por mulheres indígenas e mestiças pobres. Por isto, e muitas outras coisas, esta eleição é vital porque define mudanças reais para o país.