Compra de couro no Brasil foi suspensa por 18 multinacionais. Imagem de LUM3N por Pixabay

A crise causada pelas queimadas na Amazônia e a política ambiental brasileira já está afetando o mercado financeiro. A notícia desta semana no setor econômico foi o boicote de empresas privadas a produtos brasileiros. Com a expansão da crise ambiental, que afeta a opinião pública nos EUA e Europa, as empresas multinacionais estão preocupadas em associar sua imagem a políticas adversas à preservação e sustentabilidade.

O couro brasileiro foi uma dos primeiros produtos boicotados. No início da semana, 18 marcas de roupas e calçados internacionais suspenderam a compra no Brasil. Preocupadas, as produtoras de couro enviaram carta diretamente ao Ministério do Meio Ambiente.

“Para uma nação que exporta mais de 80% de sua produção de couros, chegando a gerar US$ 2 bilhões em vendas ao mercado externo em um único ano, trata-se de informação devastadora”, afirmou José Fernando Bello, presidente executivo do Centro das indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

O boicote, no entanto, pode não parar por aí. Os fundos de investimento no Brasil possuem cláusulas explícitas sobre regras ambientais. Na visão de especialistas, o boicote iniciado esta semana pode gerar um efeito cascata em diversas multinacionais atentas à associação de sua imagem à crise ambiental brasileira.

A Nestlé também afirmou na sexta-feira, 30, que iria revisar a compra de produtos de carne e cacau na região amazônica. A empresa, que tem 31 fábricas no Brasil, anunciou que está “profundamente preocupada com os incêndios na floresta amazônica”. “Desenvolvemos o Padrão de Fornecimento Responsável da Nestlé, que nossos fornecedores precisam respeitar e aderir em todos os momentos. Se forem identificadas lacunas, nos envolvemos com os fornecedores para entregar planos de mitigação e rastrear a eficácia das ações tomadas”, disse a empresa em nota.

O banco Nordea, o maior dos países nórdicos, também suspendeu compras de títulos do governo brasileiro. Conforme a instituição, a principal preocupação são as respostas de Bolsonaro dadas até agora para conter os incêndios na Amazônia.

A compra dos títulos brasileiros está em “quarentena”, conforme afirmou Thede Ruest, chefe de dívida dos mercados emergentes do Nordea à agência Reuters. “Se a situação piorar, talvez tenhamos que excluir os títulos do governo brasileiro do nosso universo”, disse.