Por Lopo, coordenador do DCE UFMG e militante da UP | Estudantes NINJA

São Paulo (SP) — Foto: Mídia NINJA

Os dias 15 e 30 de maio e o dia 14 de Junho mostraram para muitas pessoas que existe uma grande disposição de luta por direitos. Foram milhões de pessoas nas ruas do nosso país nessas três grandes datas de luta. Agora, nossa missão é não deixar essa luta esfriar e nos preparar para novos embates!

Vivemos uma profunda crise do sistema capitalista. Ao redor do mundo essa crise mostra seus sintomas de diferentes formas. Essa crise econômica provoca uma crise política, social e cultural. Não é difícil ver no noticiário que diversos povos do mundo estão em luta contra as medidas que retiram seus direitos. São manifestações na África do Sul, Argentina, França, Estados Unidos e vários países.

Em uma sociedade dividida entre classes as classes dominantes de todos os países se articulam e tramam para manter o capitalismo à todo custo. Buscam, à custa de tudo e de todos, os mega lucros para uma elite da população mundial. Enquanto milhões vivem na fome, na miséria e em guerra uma pequena elite de homens de negócios continua lucrando com a exploração.

Isso não é diferente no Brasil. A crise econômica da economia brasileira é um efeito direto da crise econômica geral do capitalismo. As coisas não estão isoladas umas das outras. Foi em 2015 quando os efeitos da crise provocaram graves consequências nos direitos sociais da população. A retirada de direitos não parou e ficou mais profunda em 2016 com o golpe contra Dilma e em 2018 com a eleição do Bolsonaro.

Essa crise econômica fica explicita quando vemos os dados de desemprego, pobreza, fome, violência e miséria. E tudo isso fica mais degradante quando o homem de negócios, dono de terras capitalistas e os políticos de direita exploram você na escola e na casa e ao mesmo tempo fala sobre fraternidade, pás, justiça e liberdade.

Quem mais paga pelos efeitos dessa crise? é sem dúvida a mesma parcela da população que sempre foi vítima da mais cruel exploração e opressão. As pessoas negras, as mulheres e a juventude sofrem diretamente com cada medida que piora o acesso à educação, à saúde e à seguridade social. Com uma classe trabalhadora extremamente diversificada o povo brasileiro como um todo paga quando um pequeno grupo de mega ricos se junta à uma classe política anti-povo e tenta aplicar seus projetos.

Rio de Janeiro (RJ) — Fotos: Mídia NINJA

Entretanto, esse projeto de retirar direitos e aumentar a exploração do povo não é aceito pacificamente. As classes dominantes teimam em acreditar que vão conseguir aplicar seus planos sem nenhuma resistência. Mesmo quando sabem que haverá resistência teimam em esmagar a resistência com o uso das polícias, da justiça e das forças armadas.
O dia 15 e dia 30 de maio foram relativamente tranquilos no que diz respeito à repressão policial contra os protestos. Não havia clima para atacar manifestações que defendiam principalmente o direito básico e universal à uma educação de qualidade. O povo tomou as ruas e isso intimidou o governo que representa hoje o interesse dos mega ricos. Pouco antes do dia 14 de junho tivemos o vazamento das conversas criminosas entre Moro e Dallagnol.

Não teve outra! O governo, articulado com as polícias e forças armadas partiu pra cima de diversas manifestações com repressão. São Paulo, Rio, Paraíba registraram cenas onde a polícia partiu para cima de manifestantes. Isso significa que o dia 14 de junho colocou para nós uma nova etapa da luta por direitos.

O acirramento da disputa entre o povo e os mega ricos que sempre existiu está mais evidente quando falamos de Reforma da Previdência. Sem amplo apoio da sociedade para a reforma e com milhões nas ruas a única saída que as elites encontram é usar a força policial contra quem luta. Mas mesmo essa força policial é usada em vão porque ela não é capaz de deter as ideias e as vontade de luta por direitos.

É justamente nesse momento que dizemos que a luta não pode parar! Os dias 15 e 30 de maio e o dia 14 de junho mostram para nós que as pessoas tem muita força quando se unem para lutar. Que a mobilização dá certo quando movimentos, sindicatos, partidos e frentes se dedicam para fazer grandes datas nacionais de resistência. É esse o espírito que deve nos contagiar para continuar.

Belo Horizonte (BH) — Foto: Caio Couto / Mídia NINJA

A mesma crise que abre dois caminhos. Um caminho para as os mega ricos tentarem explorar ainda mais o povo pobre, oprimir e assassinar o povo negro, as mulheres e a juventude para manter o sistema funcionando. O outro caminho é uma grande avenida para o povo pobre lutar e conquistar vitórias junto com seus movimentos e organizações e poder gestar uma nova alternativa política para a nação.

Essa grande avenida aberta pelo povo em suas lutas espera por mais datas nacionais, por mais mobilizações e por mais enfrentamentos por direitos. Hoje temos inimigos como a Reforma da Previdência que conseguiu fazer uma grande união da esquerda e da sociedade para lutar. Mesmo com todas as lutas a reforma ainda não foi derrubada e isso mostra que precisamos continuar acirrando a luta para por um basta nesse governo! Por um basta na exploração contra nosso povo!

A luta não pode parar!