Foto: Vangli Figueiredo

Por Gabriella Pampillón

A intuição de Abraham Weintraub, que enxergou balbúrdia no meio acadêmico, estava certa. Se antes o atual Ministro da Educação contava apenas com uma ideia errônea do que se passava nas universidades, neste 15 de maio, estudantes de todo o país mostraram sua capacidade de gerar um alvoroço ainda maior.

Para legitimar o corte de gastos na educação, o atual governo insiste em inflamar o imaginário popular com falsas conspirações comunistas, disseminando a ideia de que a universidade pública virou um espaço de manipulação da mente da juventude, de que os professores se converteram em doutrinadores. E, como solução, nada mais resta, senão impedir que a influência desses ambientes atinjam os princípios dos cidadãos de bem.

Em que momento permitimos que as pautas sociais fossem reduzidas a histerias esquerdistas sem cabimento? Como é possível acreditar que inviabilizar o funcionamento de diversas universidades possa trazer progresso ao país?

Infelizmente, esse projeto é mais um sutil mecanismo que nos induz a acreditar que a evolução educacional se concentra no ensino privado e não no público, que a melhor saída é engavetar o projeto de pátria educadora e exaltar uma pequena parcela da população que sempre se sentiu desconfortável ao dividir a sala de aula com filhos de empregados. Se as universidades particulares não são para todos, qual a real intenção em nos convencer de que o Estado não consegue gerir devidamente suas instituições educacionais?

Até 2015, é inquestionável a forma com a qual a educação se desenvolveu de forma sustentável, permitindo a expansão das universidades, institutos federais e escolas técnicas que, corolário desses, estão intimamente ligadas produção de tecnologia que temos atualmente no país. É fundamental e urgente a compreensão de que um país que não preza pela instrução de seu povo e não valoriza a produção de pesquisa, não desenvolve a economia.

Nossa educação não virará mercadoria e, juntos, somamos milhões de idiotas inúteis unidos para impedir isso.