Manifestações, intervenções públicas, ocupações, votações expressivas ou enxurradas de publicações nas redes sociais – não há mais como ignorar a presença da luta das mulheres no mundo. Se inspire e vá pra rua nesse dia 8 de março.

Me Too – Eu Também (Mundo)

Foto: GettyImages

Protagonizado por nomes proeminentes de Hollywood, Me Too é um movimento internacional contra o assédio e agressão sexual. Presente desde outubro de 2017, o termo se populariza no twitter quando a atriz estadunidense Alyssa Milano o utiliza, mas a tag foi lançada anteriormente pela ativista negra Tarana Burke em 2006. Toma grandes proporções através das acusações de abuso sexual contra Harvey Weinstein. A onda tomou o mundo e países da América Central e Latina começaram a expor seus abusadores também. Os países europeus também aproveitaram a tendência para endurecer seus debates contra o assediadores. Na Suécia, foi votada uma lei para deixar claro a diferença do que é abuso e do que é consentido.

Time’s Up – O Tempo Acabou (EUA)

Foto: Michael Buckner/Variety/Rex/Shutterstock

Em resposta ao efeito Weinstein e ao #MeToo, surge o Time’s Up: um movimento contra o assédio sexual e fundado em 1º de janeiro de 2018 por celebridades de Hollywood. Além de uma tag, o movimento mobiliza fundos e suporte legal para vítimas de assédio. Até dezembro do ano passado levantou mais de US$ 22 milhões para seu fundo de defesa legal e reuniu cerca de 800 advogadas e advogados voluntários.

#MosqueMeToo –  assédio sexual na peregrinação a Meca (Arábia Saudita)

Foto: reprodução https://crcc.usc.edu

Mostrando que o assédio não está condicionado ao que uma mulher veste, onde está e o que faz, Sabica Khan denunciou em fevereiro o assédio sexual que sofreu durante o tawaf, o ritual de dar sete voltas na Kaaba. A partir do seu post no Facebook – cuja repercussão a fez fechar a conta – outras mulheres se encorajam e relataram seus episódios nas redes sociais.  

As Meninas da Rua da Revolução (Irã)

foto: reprodução twitter

No dia 27 de dezembro de 2017, Viva Movahedi, de 31 anos, foi para a Rua da Revolução, na região central da capital do Irã, Teerã, e retirou seu hijab. Movahedi protestou contra o uso do véu, que é obrigatório no país, e foi presa pelo ato. Quando liberada, em janeiro de 2018, o movimento começou a crescer e ganhou um nome – As Meninas da Rua da Revolução. Outras mulheres foram vistas repetindo o gesto nas ruas de Teerã.

Em fevereiro, governo divulgou uma pesquisa realizada há três anos que mostra que metade da população acredita que o uso do hijab não deve ser obrigatório. Enquanto isso, as mulheres iranianas seguem lutando para serem ouvidas.

Descriminalização da homossexualidade (Angola)

Foto: Reprodução Facebook

Uma mudança no Código Penal de Angola, que era de 1886, retirou o artigo de nº 71, que “criminaliza a homossexualidade em Angola por estipular medidas de segurança aplicáveis a “práticas de vícios contra a natureza”, ainda que não fosse um crime passível de punição. Além do mais, o novo Código inclui a orientação sexual como um elemento para a não discriminação. A eliminação deste artigo no novo Código Penal é portanto um marco importante para a comunidade LGBTIQ angolana.

Marielle Presente (Brasil)

Foto: Mídia NINJA

Março, mês de mobilização pela luta das mulheres mundialmente ganhou um gosto sangrento neste ano para as brasileiras e mulheres negras do mundo. Marielle Franco, quinta vereadora mais votada na cidade do Rio de Janeiro, foi executada na noite de 14 de março, em uma semana onde havia feito diversas denúncias a respeito da violência da Polícia Militar, especialmente no Acari, bairro onde morava. As mulheres do Brasil tomaram as ruas em resposta. Na data do seu assassinato foi sancionado o Dia Marielle Franco contra o genocídio da mulher negra no Rio de Janeiro.

Misoginia digital se torna crime (Brasil)

Foto: Arquivo Pessoal

Na véspera do Dia da Mulher no ano passado, uma conquista importante: Lei Lola (PL 4614/2016), de autoria da deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) foi aprovada no senado. O PL atribui à Polícia Federal a competência para investigar crimes praticados na Internet que difundem conteúdo discriminatório ou propaguem ódio às mulheres. Ela foi sancionada em abril.

Aborto legalizado (Irlanda)

Foto: TVI24 – IOL

Após ouvir sim de 70% da população que consultava irlandeses sobre a questão, o Parlamento irlandês aprovou em dezembro o projeto de lei que legaliza o aborto no país. O texto autoriza o aborto até 12 semanas ou posteriormente em casos de “risco à vida” e “grave perigo para a saúde” da mulher. Parabéns aos movimentos e ONGs que construíram essa grande vitória num território mar joritariamente católico.

Jinwar: a vila criada por e para mulheres no Curdistão (Síria)

Foto: Ribeiro Castro/Agência Pública

Os comitês de mulheres curdas criaram e construiram uma vila com 20 casas para abrigar mulheres curdas que não querem mais ficar submissas aos homens ou que perderam os maridos em confrontos. Batizada de Jinwar (algo como “terra das mulheres” ou “o espaço da vida”, em uma tradução livre do dialeto curdo kurmanji), a vila também pretende abrigar mulheres que queiram experimentar a vida em comunidade, tendo a liberdade de viver sem a imposição dos homens.

Maré Verde (Argentina)

Foto: Prensa Obrera

Não há outra palavra que resuma melhor as jornadas de lutas das mulheres argentinas pelo direito ao aborto em 2018 que não seja “histórica”. Inspirando o continente e o mundo, 2 milhões de mulheres lotaram as ruas e o debate público sobre o tema, conquistando uma vitória única na Câmara dos Deputados. Mesmo barrada no Senado, o gosto que fica é de uma revolução que acaba de começar. Apesar de proibido, o aborto ganhou força como um dos temas dominantes da campanha presidencial deste ano, por exemplo.

Angela Ponce, a primeira trans a vencer um concurso de Miss (Espanha)

Foto: Reprodução instagram Angela Ponce

Ángela Ponce quebra duas barreiras: Ela foi a primeira mulher trans a vencer o Miss Espanha e também foi a primeira a mulher trans a representar o país no Miss Universo. Ressaltando: não se trata de concursos voltados para mulheres trans e travestis, mas de concursos que historicamente foram disputados apenas por mulheres cis – com uma exceção, em 2012, a modelo trans Jenna Talackova foi autorizada a disputar o Miss Universo Canadá, mudando as regras. Histórico!

Intervenção na Copa (Rússia)

Foto: Darren Staples/Reuters

O grupo punk feminista Pussy Riot, conhecido por inúmeros protestos de oposição ao governo de Vladimir Putin foi responsável por uma intervenção importante durante a final da Copa do Mundo na Rússia, entre França e Croácia. Aos sete minutos do segundo tempo da partida, quatro pessoas usando camisetas brancas e calças pretas invadiram o gramado a partir da área atrás do gol francês. O protesto tinha várias demandas, como a liberdade aos presos políticos e a permissão da competição política no país.

Dia Marielle Franco contra o genocídio da mulher negra (Brasil)

Foto: Mídia NINJA

No país onde o feminicídio de mulheres negras aumentou enquanto o de mulheres brancas caiu, e jovens negras com idade entre 15 e 29 anos têm o dobro de chances de serem mortas do que as brancas na mesma faixa etária, foi criado o Dia Marielle Franco – dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, estimulando palestras, debates e ações no dia 14 de março, dia que a vereadora Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro.

Rede de apoio a educação de jovens mulheres (Mundo)

Foto: Rutian Pataxó

Fundada em 2017, a Rede Gulmakai é um dos programas do Fundo Malala para educação de jovens mulheres. Levando nome do pseudônimo que Malala usou como blogueira anônima quando tinha 11 anos, a Rede é um grupo de campeãs (referências) de educação em seus países. Atualmente os países prioritários para o Fundo Malala são Afeganistão, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. Em Julho de 2018 campeãs do Brasil também foram escolhidas – A baiana Ana Paula Ferreira de Lima, que luta pelos direitos à educação para população indígena, a pernambucana Sylvia Siqueira Campos, que estuda os índices de abandono escolar das mulheres negras e a paulistana Denise Carreira, que está desenvolvendo um curso para treinar professoras no tema da igualdade de gênero.

Mãe na Passarela (EUA)

Foto: Getty Images North America/AFP

A modelo Mara Martin cruzou a passarela do desfile da Sports Illustrated Swimsuit de uma maneira nada convencional para boa parte das pessoas: amamentando sua filha de 5 meses. A ação causou frisson entre os presentes, levantando debates sobre a sexualização dos corpos das mulheres e o que é normal sobre a maternidade. Aqui no Brasil mamaços – evento onde mulheres amamentam em público – acontecem há anos e causam o mesmo impacto. Afinal, de quem é o corpo das mulheres?

Licença remunerada por violência doméstica (Nova Zelândia)

Reprodução/Partido Verde

A Nova Zelândia se tornou o primeiro país ocidental a conceder licença remunerada de trabalho para vítimas de violência doméstica. A dispensa de dez dias permitirá que essas mulheres possam comparecer a audiências judiciais, encontrem um novo lugar para morar e protejam a si mesmas e seus filhos, ou seja, uma ação fundamental para auxiliar mulheres em um relacionamento abusivo. Na Ásia, as Filipinas já haviam feito o mesmo em 2004.

Marta, embaixadora da Boa Vontade (Mundo)

Foto: Facebook oficial Marta Vieira da Silva

Neste mês, a brilhante jogadora de futebol Marta Vieira da Silva foi nomeada embaixadora global da ONU Mulheres para Meninas e Mulheres no Esporte. A idéia é que ela dedique seus esforços para apoiar o trabalho das mulheres pela igualdade de gênero e empoderamento delas em todo o mundo, inspirando adultas e meninas a desafiar estereótipos, superar barreiras e seguir seus sonhos e ambições.Incluindo, claro, a área do esporte! Isso é uma luta importante, já que de acordo com o relatório de 2017 da inteligência do Sporting, entre os atletas de elite, as mulheres ganham em média apenas 1% do que os homens de elite ganham.

Ele Não (Brasil)

Foto: Mídia NINJA

Maior levante brasileiro de 2018 e maior resposta nas ruas e nas redes contra a eleição de Jair Bolsonaro, as mulheres se uniram e ocuparam espaços deixando claro que o então candidato não representava os direitos mais básicos das mulheres. Artistas, advogadas, donas de casas, ativistas e outras que nunca se envolveram com política antes tornaram o dia 29 de setembro história para o país com a maior e mais plural manifestação de mulheres a acontecer em terras brasileiras.

Importunação sexual se torna crime (Brasil)

Foto: Daniel Teixeira

Em mais uma demonstração de força das mulheres brasileiras, a proposta de lei que entrou em vigor em setembro de 2018 ganhou força – e foi aprovada – após repercutirem na mídia casos de homens que se masturbaram e ejacularam em mulheres em transportes públicos no país. Desde então a lei caracteriza como crime de importunação sexual a realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem seu consentimento, como toques inapropriados.

Importante pontuar que a importunação sexual difere do assédio sexual, que se baseia em uma relação de hierarquia e subordinação entre a vítima e o agressor.

Descriminalização da Homossexualidade (Índia)

Foto: Reuters

Uma vitória ampla que vai ter forte impacto sobre mulheres na Índia foi a decisão da Suprema Corte de derrubar a lei colonial e descriminalizar a homossexualidade no país. A decisão unânime revogou uma sentença de 2013 que validava o artigo 377 do Código Penal indiano, uma lei da era colonial que punia “relações carnais contra a ordem da natureza”. O avanço na legislação é bem recebido nas maiores cidades, embora ainda enfrente uma forte oposição de grupos religiosos e comunidades rurais conservadoras. A partir dessa decisão se abre espaço para a disputa do casamento igualitário, por exemplo. Um passo gigante em prol da liberdade das mulheres indianas!

Mulheres na Política! (Mundo)

Foto: Mídia NINJA

A vitória das mulheres em cargos legislativos em alguns países é um suspiro na forma misógina que a política se organiza no mundo. No Brasil tivemos um salto histórico: De 10 para 15% do Congresso foi ocupado por mulheres. Distante do ideal, porém demarcando o crescente espaço de mulheres na política. No norte, um número recorde de mulheres é eleito nos Estados Unidos. Ao menos 118 mulheres foram eleitas, entre elas, 42 são negras e três são LGBTQ. Além disso, mulheres são metade do gabinete do novo presidente do México, López Obrador, eleito com o maior respaldo populacional da história.

Futebol feminino na televisão aberta (Brasil)

Foto: FIFA

Após décadas de apagamento, pela primeira vez na história, todos os jogos da seleção feminina na Copa do Mundo de futebol feminino (França 2019) serão transmitidos ao vivo. A SporTV vai transmitir todo o torneio e Globoesporte.com, junto com a TV aberta, vai mostrar todos os jogos do Brasil ao vivo. Uma mudança significativa que deve atrair torcedores e futuras atletas, além de patrocínio para a modalidade feminina do esporte. No país do futebol, o futebol feminino é completamente ignorado e, quando comparado ao masculino fica atrás em todos os quesitos – público, estrutura e salário.

Direitos para pessoas Trans (Uruguai)

Foto: Colectivo Rebelarte

A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou a Lei Integral para Pessoas Trans, que regula o combate a descriminação contra a população transgênera e avança em seus direitos garantidos para áreas como trabalho e moradia, direitos sanitários, educativos, culturais e acesso ao trabalho. A lei estabelece também uma série de ações afirmativas para a conquista de direitos que deveriam ser considerados basicos para comunidade, como a mudança de nome no registro civis. Um passo legal que caracteriza a mudança cultural que campanhas e movimentos LGBTs da sociedade civil uruguaias já sinalizam há anos como prioridade.

Fila pela igualdade de Gênero (Índia)

Foto: reprodução Jornal de Notícias

De punhos erguidos, cerca de cinco milhões de mulheres deram as mãos para lutar pela igualdade de gênero em Kerala, Índia. Formando um cordão humano de 620 quilômetros de comprimento manifestaram contra a proibição da entrada no templo hindu de Sabarimala a mulheres que estejam em idade de menstruação — intervalo definido pelo Estado entre os 10 e os 50 anos. Para a religião hindu, as mulheres menstruadas são consideradas impuras e por isso não podem participar dos rituais. Em setembro passado, o Supremo Tribunal da Índia pôs fim a essa lei histórica, declarando-a inconstitucional. Ainda assim, as mulheres que queiram entrar no templo são muitas vezes atacadas.

Boxe de Hijab (Mundo)

Foto: reprodução journaldumusulman.fr

No último mês tivemos um grande passo rumo à igualdade de gênero e religião no esporte. A Associação Internacional de Boxe, em evento na Turquia, anunciou mudanças nos uniformes das boxeadoras muçulmanas, permitindo às atletas islâmicas usarem hijab durante as competições. Com isso mais mulheres aderem ao esporte e o preconceito contra o Islamismo começa a ser desconstruído.

1º vôo totalmente tripulado por mulheres (Moçambique)

Foto: Reprodução Facebook

Em 14 de dezembro, pela primeira vez a companhia MEX realizou um voô comandado todo por mulheres na rota entre as cidades de Maputo e Manica, em Moçambique. Outros países na África também realizaram feitos similares no mesmo ano, e ainda que tenhamos poucas mulheres na aviação, elas já estão ocupando os lugares antes delegados somente aos homens.

Escritos de uma vida de Sueli Carneiro (Brasil)

Foto: reprodução

Escritos de uma vida foi lançando por Sueli Carneiro, escritora sobre o feminisno negro do Brasil, filósofa, ativista, fundadora e atual diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra e é referência para a discução das questões de raça e gênero no país.

Liberação para que adolescentes grávidas possam estudar de dia (Moçambique)

foto: reprodução Facebook

Um despacho que colocava automaticamente adolescentes grávidas do ensino diurno para o noturno foi revogado em Moçambique, graças ao esforço coletivo de muitas pessoas e de organizações da sociedade civil como Save the Chidren, Actionaid, Fórum Mulher. Foi um passo político importante no avanço dos direitos das mulheres para garantir a equidade de gênero no acesso à educação e combater as várias formas de violência contra adolescentes dentro e fora da escola, desde o assédio sexual às uniões forçadas, e melhorar a qualidade do ensino e acesso à educação e serviços de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes no país.

Mulheres negras no topo (Brasil)

foto: reprodução

No último ano tivemos avanços de mulheres negras ocupando espaços que até então não haviam estado: Maria Julia Coutinho, a Maju, a primeira mulher negra a ocupar a bancada do principal jornal do país; Joyce Ribeiro foi a primeira mulher negra a mediar um debate eleitoral durante as eleições presidenciais de 2018; o número de mulheres negras nas assembléias aumentou e também foi em 2018 que as primeiras mulheres negras trans chegaram nas Assembléias Legislativas: Erica Malunguinho e Erika Hilton em São Paulo e Robeyoncé Lima em Pernambuco.

Mulheres trans na Sapucaí (Brasil)

Foto: reprodução

Mulheres cis já não são mais as únicas musas do carnaval no Brasil: em fevereiro de 2018, Kamilla Carvalho fez sua estréia como musa da Acadêmicos do Salgueiro no carnaval carioca, e em março de 2019, foi a vez de Patrícia Souza desfilar pela Estação Primeira de Mangueira.

Futuro

Foto: Nasa

Com a luta, temos um futuro brilhante pela frente! No dia 29 deste mês por exemplo, deve acontecer a primeira caminhada espacial só de mulheres, com as astronautas da NASA Anne McClain e Christina Koch e a controladora de voo canadense, Kristen Facciol.

Temos muita disputa pela frente, mas razões inspiradoras para acreditar que é possivel! Por isso vamos para rua no próximo dia 8 de março – procure sua cidade, horário e local e participe!