Ilustração: Doaa Eladl

Ontem a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre a neta de Miguel Arraes e sobre a prima de Eduardo Campos.

Reprodução

O nome da neta de Miguel Arraes e prima de Eduardo Campos é Marília Arraes. Marília era filiada ao PSB e rompeu com a legenda no momento em que a sigla passou a posicionar-se a favor do golpe. Filiou-se ao PT num momento em que a maioria das pessoas fazia o movimento inverso, de abandonar o partido de Lula.

O nome de Marília começou a ganhar projeção para uma candidatura própria do PT ao governo de Pernambuco no ano passado. Marília conquistou corações e mentes.

Alguns adversários – todos homens – ainda tentaram dissuadir a militância petista. Queriam fazer crer que o momento não era adequado para lançar o nome de Marília e que o caminho desejado por Lula seria uma aliança do PT com o PSB em Pernambuco. Não foi difícil perceber que a pressão interna pela aliança era, antes de tudo, uma disputa para que alguns nomes da cúpula dispusessem da estrutura do governo do estado, hoje nas mãos do PSB, para suas campanhas individuais.

A tese da candidatura de Marília acabou colocando no cabo de guerra duas forças antagônicas: de um lado, o caciquismo de alguns dirigentes; de outro, o empoderamento da militância de base.

 

Marília mostrou que não era bela, recatada e do lar. Resistiu a todas as pressões para desistir da candidatura, que não foram poucas. E caminha triunfante para vencer mais essa batalha.

Sendo candidata, Marília já mostrou nas pesquisas que tem grandes chances de ser a primeira governadora mulher de Pernambuco. Seus resultados são excelentes em todas as regiões e ela aparece em primeiro lugar na capital.

Mas isso não foi suficiente para que a Folha de São Paulo lhe desse um nome. Dentre as pérolas do jornalismo machista, consta que Marília não cozinha quase nada, que dança algum forró e que cumprimentou o jornalista Vinicius Torres Freire com um beijo e com um abraço. Vinicius chega a confessar que pressionou Marília a falar mais da sua vida pessoal.

Por alguma razão, nosso jornalismo parece ignorar que mulheres têm nome.

Há pouco tempo o mesmo aconteceu com Antonia Pellegrino. Antonia é roteirista, militante feminista, escritora, documentarista. Mas a Veja a apresentou como namorada de Freixo.

Antonia reagiu e levantou nas redes sociais a polêmica sobre a naturalização da invisibilidade das mulheres.

Nós temos nome. Temos biografia. Não é nossa posição na vida dos homens que dá significação à nossa existência e ao nosso papel político.

Nos chamem pelo nome.

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