Foto: EBC

Em 2016, quando o procurador lavajatista Deltan Dallagnol fez aparecer na tela uma espetaculosa, porém patética, apresentação de PowerPoint para jornalistas de todo o Brasil, já sabíamos que morava ali um comportamento estranho à seriedade e responsabilidade de uma investigação. Tentava incriminar Lula a todo custo. Porém, apresentava ilações e não provas, manchando a reputação de uma liderança política pública, de repercussão internacional e com claras consequências políticas e pessoais.

E quando vieram as denúncias do site Intercept Brasil, ficou claro para todos, tanto aqueles que sabiam ou não do abjeto jogo de conluio e parcialidade daqueles que dizem fazer… “Justiça”.

A primeira delas chegou há dois meses nas caixas de e-mail dos brasileiros e pelo portal jornalístico de Glenn Greenwald. Lá estava, através de mensagens do próprio procurador, obtidas pelos jornalistas por meio de fonte confidencial, que até ele mesmo, o tal com diploma de Harvard, duvidava de suas próprias convicções. E em conversas privadas no Telegram, Dallagnol compartilhava suas ilegalidades com seus companheiros de Lava-Jato.

Hoje, Deltan tenta transparecer um brilhantismo egoico como chefe da Lava-Jato, mas pelo que já está divulgado, sempre foi subchefe do então juiz, tão criminoso quanto, Sérgio Moro. Numa parceria marginal à Constituição, às leis e aos estatutos que regem a magistratura e o Ministério Público, os dois tramaram contra o ex-presidente Lula e sua defesa durante anos, mostrando que já estava erguido o castelo de arbítrios. Um verdadeiro Estado paralelo.

E vieram mais denúncias do Intercept, da Folha de São Paulo, do El País, do UOL, da rádio BandNews e até mesmo da Revista VEJA. Deltan consentiu nos chats em proteger o senador Flávio Bolsonaro, ponte principal de investigações de desvio de recursos públicos por laranjas do PSL, ao fazer vista grossa para as intenções de Moro no caso. O procurador também deu palestras remuneradas, inclusive para empresa investigada pela Lava-Jato e se encontrou com banqueiros e investidores sob sigilo: “Achamos que há risco sim, mas que o risco tá bem pago rs”, escreveu Dallagol no Telegram.

No caso mais recente, Deltan e Lava-Jato tentaram investigar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e suas esposas. Até tentaram pressionar a procuradora geral, Raquel Dodge, constrangendo-a publicamente junto à imprensa.

Há alguns meses, Dallagnol e seu mais chegado colega, Carlos Fernando, foram flagrados constituindo uma fundação com dinheiro público, devolvidos da Petrobras para a União. Felizmente foram barrados nesta ilegal empreitada.

Como se vê, Dallagnol é um agente de ilegalidades numa força-tarefa que se viu acima da legalidade do país, violando o Estado democrático de Direito e insuflando o caos. Se utilizou do cargo e dos processos no sistema de justiça e aliados, associado ao monopólio midiático brasileiro para destruir um projeto politico e favorecer outro. Claro, sem esquecer seus próprios desejos e interesses.

Como disse o ministro do STF, Gilmar Mendes, “A República de Curitiba não tem abrigo na Constituição”. E não tem mesmo. O que fora revelado até então é gravíssimo e já seria condenado fortemente por qualquer democracia digna deste nome. O Brasil precisa se reinserir nesta categoria!

Deltan precisa ser afastado da Lava-Jato e do MP o mais rápido possível. Suas ações precisam ser profundamente investigadas e ele responsabilizado por seus crimes.

Fora, Dallagnol!

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